Imagem capa - Puerpério - 12 dicas para o novo pai no pós-parto por Fernando Capellato
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Puerpério - 12 dicas para o novo pai no pós-parto



“Se eu ficar meio maluca depois que a Camila nascer, me ajuda a acalmar, tá?”


Faltava pouco tempo pra nossa primeira filha nascer e eu não sou, definitivamente, a pessoa mais tranquila em casa. Mas esse foi o pedido da minha esposa, caso ela ficasse “meio descompensada” no pós-parto.


Depois de 3 abortos e dois anos de tratamento, nossa expectativa era enorme!



E então, com apenas 33 semanas de gestação, lá fomos nós pra maternidade, receber uma garotinha apressada, que até hoje surpreende pela urgência de ser e viver.“Se eu ficar meio maluca depois que a Camila nascer, me ajuda a acalmar, tá?”


Faltava pouco tempo pra nossa primeira filha nascer e eu não sou, definitivamente, a pessoa mais tranquila em casa. Mas esse foi o pedido da minha esposa, caso ela ficasse “meio descompensada” no pós-parto.


Depois de 3 abortos e dois anos de tratamento, nossa expectativa era enorme!

E então, com apenas 33 semanas de gestação, lá fomos nós pra maternidade, receber uma garotinha apressada, que até hoje surpreende pela urgência de ser e viver.




Eu me sentia atordoado, com medo!


Foram 15 dias de UTI neonatal, num misto de alegria e gratidão, por ela ter nascido saudável, ainda que prematura e pequena para a idade gestacional.


Mas nós não sabíamos que a parte mais tensa estava só começando. Se foi difícil engravidar, ter um bebê prematuro, sair do hospital sem levar nossa filha nos braços, imagine como é levar esse bebê pra casa, sem enfermeira, sem oxímetro, sem lactário e pior, sem saber quantos ml de leite estavam na barriga após cada mamada!! rsrs... 

Era o puerpério*!


Ao contrário do que imaginou, a Fernanda parecia um monge budista. Não teve momento de pânico, nem desespero em dar banho, nada disso que geralmente assusta os pais de primeira viagem.


Mas de tudo que nós estudamos durante a gravidez, faltou realmente saber mais sobre amamentação e pós-parto.

A Fernanda entrou naquela armadilha da “mulher maravilha pós moderna”, de acreditar que tinha que dar conta de tudo sozinha e que não precisava de ajuda. Logo eu voltei ao trabalho (que naquela época ainda não era fotografia) e assim os dias passavam voando.


Na maioria das vezes, não sobrava tempo para a mamãe novata viver entre uma mamada e outra.





Aos poucos, fomos nos adaptando e criando uma nova rotina. Sempre que estava por perto, eu assumia o máximo possível dos cuidados com a pequena, pra deixar a mamãe descansar, ou comer, tomar um banho, qualquer coisa que trouxesse um pouco de conforto.

Hoje nós vemos que foi muita inocência e falta de informação da nossa parte! Muito estresse e cansaço teriam sido evitados, se nós tivéssemos aceitado pequenas ajudas!



Há um provérbio africano que diz que “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. E na prática, vemos como ele é verdadeiro!



Para ajudar os futuros pais, listei (com a ajuda de algumas queridas mulheres!), coisas que podem facilitar a vida no pós-parto. Veja:


•  Seja o chato da vez! Cabe ao pai dar um chega pra lá nas visitas, ou em quem quer que seja que resolva incomodar, desde a maternidade.


•  Facilite ao máximo o vínculo entre a mãe e o bebê. Isso significa que você ajuda mais lavando a louça, recolhendo o lixo ou levando o cachorro pra passear. Ou pagando quem faça isso por você.


•  Julgue menos, acolha mais!
 “calma, vai ficar tudo bem!”, é diferente de “VOCÊ PRECISA SE ACALMAR!! VOCÊ É A MÃE, NÃO PODE FICAR NESSE ESTADO”. Estude um pouco sobre os hormônios no corpo da mulher durante o puerpério, antes de criticar quem acabou de ter um bebê! Acolhimento, essa é a ideia!


•  Apóie as decisões da mãe! As mulheres costumam estudar muito durante a gravidez. Se a mãe do seu bebê decidiu algo sobre a amamentação, sobre como fazer dormir, ou o que quer que seja, apoie, a menos que você também esteja bem informado e possa mostrar pra ela que o seu método vai ser realmente melhor pro bebê. Não vai faltar gente querendo dar um palpite na vida de vocês!


•  Apóie a amamentação! Amamentar é um ato extremamente romantizado na nossa sociedade, mas na prática pode ser muito mais complexo e desafiador. Sabemos que o leite materno é o melhor alimento para o bebê, então a menos que ela queira mesmo desistir, encoraje! Vale pesquisar em grupos virtuais, chamar uma consultora em casa, visitar o banco de leite da maternidade, tudo que puder ajudar.


•  Cuide! Um copo de água enquanto ela amamenta, trocar fralda de madrugada, pegar o bebê pra arrotar, segurar o bebê enquanto ela faz suas refeições, são pequenas atitudes que vão fazer muita diferença na qualidade de vida da nova mãe.




•   Vá ao pediatra! Por mais participativo que você seja, com certeza você vai dormir mais que a mãe. E a privação de sono, meu amigo... acaba com qualquer memória. É muito importante tirar dúvidas e entender as orientações do médico.


•   Encontre o seu espaço! Muitas mães acabam dificultando a aproximação do pai com o bebê. Seja por medo de machucar, ou por acreditar que faz as coisas de um jeito melhor. Vejo pais reclamando dessa dificuldade em quebrar essa barreira, mas seja persistente e não desista na primeira crítica. Ela só precisa entender que cada um cuida de um jeito e que para o bebê essa diferença é muito válida.


•   Não force a barra. A vida sexual fica diferente sim, é verdade. Mas o foco agora mudou, meu amigo! Além do cansaço, os hormônios acabam com a libido, além de causarem dor nas relações sexuais após o parto (muitas mulheres não sabem que esse desconforto é transitório e não falam sobre esse assunto nem com o médico, nem com o companheiro). Dê tempo ao tempo. Tudo voltará ao normal! ;)


•   Reorganize suas prioridades. Talvez o vídeo game fique encaixotado por um tempo, ou o futebol fique pra segundo plano. São fases, agora seu bebê precisa da sua presença.


•   Elogie! Demora um tanto até que a mulher volte a se reconhecer no novo corpo e no novo papel. Quanto mais você puder mostrar que está tudo ok, melhor será para ela.


Por último, mas MUITO importante!


•   Diálogo! A chegada de um bebê muda completamente a dinâmica do casal. Estatísticas mostram que muitos divórcios acontecem no primeiro ano do filho. Por isso, conversem! Agora vocês precisam tomar muitas decisões em conjunto, desde dar chupeta ou não, até o infinito que representa a educação de um novo ser humano.  


Espero que essa listinha seja útil e faça diferença na vida de vocês!!



Fernando Capellato

 





*PUERPÉRIO
substantivo masculino
obst período que decorre desde o parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação.


(Ou seja, segundo a minha esposa, nunca mais... rsrsrs)